Dia do Rio Paranapanema – 27 de agosto

Paranapanema!

 

Paraná, rio grande. Panema, sem peixes,

Sem peixes? Isto é que não!

 

Correndo jovem por entre as velhas,

Águas novas por rochas idosas.

Rochas do tempo da primeira vida.

Água de agora chuva chovida.

Engraçado começar no velho e acabar no novo,

Mas, aqui é assim, tantos começos,

Sempre tão altos, sempre bonitos e até seus nomes.

Itapetininga é laje seca, Guapiara é ouro na serra,

Taquari é bambuzinho, Itararé é pedra que o rio cavou,

Jaguariava é rio da onça brava, Tibagi é rio com cachoeira.

 

Tudo isto formando o grande rio sem peixe.

Sem peixe? Isto é que não.

 

Suas águas, adolescentes, cortam agora rochas menos velhas,

do tempo dos primeiros peixes,

no espaço dos primeiros pousos,

daqueles loucos que suas águas desceram por primeiro

E de suas águas brancas em saltos e cachoeiras.

Aproximam-se as vilas primordiais e em seu ímpeto juvenil,

de rio criança, que gosta de cortar, de rasgar,

já vem se juntando as onças bravas com os bambuzinhos. E ele crescendo.

 

Paraná rio grande, Panema sem peixe

Sem peixe? Isto é que não!

 

Grandão, fortão, irriga, enfeita, encanta.

Águas transparentes alimentam o Guarani.

Não aquele que o habitou por tantos tempos,

mas aquele que do povo a sede mata.

E água forte, corta as rochas que um dia vermelho foram,

do fogo interno da terra,

e agora vermelho são, dos solos que alimentam.

Mas, como tudo nesta terra estão controladas na sua maturidade

Pelos homens que de energia precisam

Agora o Paraná rio grande está controlado,

Aliás, como todos os de idade madura

que se submetem ao jugo do trabalho.

 

Paraná rio grande, Panema sem peixe

Sem peixe? Isto é que não!

 

Tão limpo nas terras vermelhas de sul Paraná e norte São Paulo,

Recebe as águas vermelhas das terras usadas

E de translúcido, em pardo se torna.

Banhando os corpos, molhando a terra e criando os peixes.

Criando história de amores,

criando riquezas que da terra saem,

que pro oriente vão

Mas, eletrizando o Brasil.

E suas águas descem sem ímpeto,

Agora mais velho, mais lento,

cortando as rochas dos dinossauros,

banhando longas planícies de bois.

Saiu da mata e entrou no cerrado.

Aquietou a correria, ficou domado.

Já velhinho, mas ainda enérgico,

ainda dá à luz.

Encantando, fertilizando, alimentando, dessedentando,

vai se juntar ao grande rio Paraná

E ele, Paranapanema.

 

Paraná rio grande, Panema sem peixe

Sem peixe? Isto é que não!!!!!

 

E por nós,

Sempre com peixe.

 

Emílio Carlos Prandi

Uma homenagem ao Rio Paranapanema